Receita no final do post
O Piemonte é uma região
vasta e complexa, que deve ser apreciada lentamente. As suas atrações possuem
uma característica comum na grandeza e até mesmo na solenidade - uma geografia
imponente e uma contínua evocação a uma história ilustre -, mas que estão
separadas por uma discrição aristocrática. É necessário sair a procurá-las,
quase conquistá-las para poder usufruí-las: montanhas entre as mais altas da
Europa; os vales verdes que descem às grandes planícies da Itália e a rede de
rios que deságuam no Pó; os parques nacionais, os castelos e os santuários, as
colinas férteis, os lagos, os arrozais. E quase ao centro, a capital da Itália
unificada, Turim que, por sua vez, tem forma e maneiras profundamente
europeias, e que há dois milênios desempenha uma função conectora entre a península
italiana e a vizinha França. Um ponto de encontro quase mágico entre o sul e o
norte, uma feliz fusão que se reflete na linguagem, na arte, nos hábitos, na
culinária. A mais elaborada e suculenta entre as culinárias regionais,
fortemente influenciada pelo alto nível dos produtos locais, para muitos dos
quais se reconhece a primazia da qualidade entre as produções agrícolas
italianas: antes de tudo, o vinho que, com a manteiga, é o ingrediente
fundamental dos pratos tradicionais piemonteses, enriquecidos com excelentes
molhos. Em seguida, o arroz, a preciosa trufa branca, a carne bovina, as caças
(de montanha), os aspargos, os cardos, os pimentões amarelos e vermelhos, os
peixes de correntes alpestres; as saborosas rãs de arrozais. A arte de fazer
biscoitos, os mais refinados da Europa.
Uma culinária
solidamente estruturada e bastante trabalhosa, na qual nunca nada é improvisado
ou impreciso, mas tudo é sabiamente transformado e cuidado com elegância nos
detalhes, até a apresentação à mesa. Uma culinária para verdadeiros gourmets,
nas suas mais altas expressões. Não por acaso, alguns célebres pratos
piemonteses tem origens históricas precisas, são como brasões, que ninguém se
permitiria modificar. Frequentemente os vinhos piemonteses atingem as ofertas
mais altas, cifras vertiginosas nos leilões internacionais. Acrescente-se, e
que o detalhe não faça rir, que muitos elementos da gastronomia piemontesa
possuem virtudes afrodisíacas: a trufa, o extrait
(extrato de zimbro); os molhos de alguns pratos famosos como a bagna caoda, a fonduta e os civet, os
molhos de buì (o fervido); certos
queijos de alto nível e de maturações secretas, elaborados como grandes
iguarias, com especiarias, aguardente, creme de leite fresco e trabalho
paciente; e certos vinhos insinuantes, quentes, perfumados de violeta e de
rosa.
Poucos são os pratos a
base de massas, feitas à mão e confeccionadas em forma de taglierini, cannelloni, agnolotti de diversos recheios, preparados
com molhos ou em caldos. Por
outro lado, muita polenta de milho, preparada de vários modos, e muitíssimo
arroz para os primi e secondi piatti, para os contorni e para os desserts[1]:
risotos, minestras, panisce, tortas
salgadas e goffe recheadas, arroz em
linguiças e em saladas, doces de arroz.
São aproximadamente 50
os grandes pratos típicos à base de carne, de aves e de caças, mas também à
base de hortaliças, legumes e queijos, com molhos consideráveis. Memoráveis são
os fervidos, os assados ao Barolo, as
caças cozidas ou como guisados, o frango ao marengo,
os vol au vent alla finanziera, o
fondue de trufas, a bagna caoda de
alho, anchova, manteiga e vinho Barbera,
nos quais são banhadas verduras cruas; as rãs (fritas, douradas, recheadas, em
molho de tomate). Alguns desses pratos são trabalhosos, e obviamente caros, por
constituir por si só uma verdadeira refeição, e por não requerer outro
acompanhamento se não um vinho digno e uma sobremesa leve.
Os queijos são de alto
nível, desde a maturação espontânea (como o toma,
o macio robiola, as formaggette de cabra, as raras formaggelle de becc) aos saborosos erborinati[2]
com estrias azul-esverdeadas (o gorgonzola, o precioso castelmagno e morianengo)
até os queijos fortes e muito bem elaborados (o bross, os tomini elettrici,
o frachet) aconselhados somente aos
verdadeiros conhecedores de grandes queijos.
Para a sobremesa, uma
confeitaria finíssima, no estilo das tradicionais boas maneiras piemonteses:
uma grande variedade de biscoitos, muitos deles exclusivos das localidades de
onde são produzidos, e a confeitaria de chocolate de Turim, de antiga fama.
Não podemos
esquecer-nos de apreciar o gostoso pão do Piemonte e os inimitáveis grissini de Turim.
Mas o triunfo do
Piemonte é na adega: os vinhos, em sua maioria produzida na zona sul-oriental
da região: as belas colinas do Monferrato e das Langhe, ricas de história e de
arte. São aproximadamente quarenta tipos de vinhos, mais da metade tintos
próprios para acompanhar assados. Algumas exceções se sobressaem, capazes de
envelhecer esplendidamente: Barolo,
Barbaresco, Barbera, Boca, Bonarda, Carema, Dolcetto, Freisa,Gattinara, Ghemme,
Grignolino, Lessona, Nebbiolo, Sizzano, Spanna, Vespolino; e os raros, às
vezes bastante valorizados, Bramaterra,
Caramino, Fara, Mesolone, Mottalcita, Prunent, Rosso della Sera, Valdengo,
Viverone. Os brancos de maior prestígio: Cortese, Erbaluce, Gavi, Greco, Pinot bianco, Riesling. Os vinhos
doces ou espumantes: Moscato d’Asti, Asti
espumante, Brachetto, Barengo e
Caluso passati, Freisa e Nebbiolo dolci, Malsavia Rossa, Pelaverga. Os
vermutes piemonteses, únicos no mundo.
E os licores: a forte grappa di Barolo, o antigo genepì delle Alpi e o adorado ratafià de cereja, o aromático elixir da
China, a menta glacial e o raro rosolio
di rose.
Risottto alla Zucca - Risoto de Abóbora
(do livro Culinária Itália - in Piemonte)
Ingredientes
90 gramas de manteiga
01 cebola grande bem picadinha
Risottto alla Zucca - Risoto de Abóbora
(do livro Culinária Itália - in Piemonte)
Ingredientes
90 gramas de manteiga
01 cebola grande bem picadinha
300 gramas de abóbora cortada em cubos
400 gramas de arroz para risotos - usei arbório
2l de caldo caseiro de legumes - quente
60 gramas de parmesão ralado
Noz moscada ralada na hora
Sal e pimenta
Em uma panela grande refogue a cebola em metade da manteiga. Deixe a cebola ficar transparente, coloque a abóbora em cubos e acrescente 200 ml de caldo de legumes. Deixe a abóbora cozinhar até ficar macia e secar quase toda a água. Na panela mesmo, use um garfo para amassar a abóbora cozida, formando um purê. Junte o arroz e, misturando bem, deixe cozinhar por 01 minuto. Tempere com sal e pimenta. Pouco a pouco vá acrescentando o caldo, mexendo sempre para soltar o amido do arroz e formar um risoto cremoso. Repita esse procedimento até o arroz ficar macio (+ - 30 minutos em fogo médio). Desligue o fogo, acrescente a manteiga restante, mais da metade do queijo e a noz moscada. Misture bem e rapidamente. Acerte o sal, se desejar acrescente mais pimenta. Sirva imediatamente, polvilhando o restante do queijo.
400 gramas de arroz para risotos - usei arbório
2l de caldo caseiro de legumes - quente
60 gramas de parmesão ralado
Noz moscada ralada na hora
Sal e pimenta
Em uma panela grande refogue a cebola em metade da manteiga. Deixe a cebola ficar transparente, coloque a abóbora em cubos e acrescente 200 ml de caldo de legumes. Deixe a abóbora cozinhar até ficar macia e secar quase toda a água. Na panela mesmo, use um garfo para amassar a abóbora cozida, formando um purê. Junte o arroz e, misturando bem, deixe cozinhar por 01 minuto. Tempere com sal e pimenta. Pouco a pouco vá acrescentando o caldo, mexendo sempre para soltar o amido do arroz e formar um risoto cremoso. Repita esse procedimento até o arroz ficar macio (+ - 30 minutos em fogo médio). Desligue o fogo, acrescente a manteiga restante, mais da metade do queijo e a noz moscada. Misture bem e rapidamente. Acerte o sal, se desejar acrescente mais pimenta. Sirva imediatamente, polvilhando o restante do queijo.
[1]
Na Itália, geralmente, as refeições à mesa seguem a seguinte ordem: primo piatto: entrada, secondo piatto, prato principal; contorni: acompanhamentos, dessert (ou dolce): sobremesas.
[2] Erborinati (de arborin, salsa em dialeto lombardo) - Queijos nos quais são
inoculados um mofo nobre, o penicillium
roqueforti, que na fase de maturação resulta nas clássicas estrias verdes e
azuis e que conferem gama aromática características destes produtos.
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Uau! Mas isso foi mais que uma aula...foi quase um modo de me convencer a voltar a Itália!
ResponderExcluirCarlinha, desejo tudo de melhor da sua viagem, que ela seja repleta de descobertas, desafios, muito estudo e conhecimento, novos amigos...e claro, muita comida boa por que isso não falta na Itália, né?
By the way, mostrei o post para o Amore e ele quer a receita reproduzida já! rsrsrs
Beijos bem grande e divirta-se!
Bah! que sopa maravilhosa. Deve ser muito saborosa.
ResponderExcluirCarla, adorei o risoto de abóbora (que cor maravilhosa!), vai para a lista dos "a fazer", certeza, pois adoro abóbora e ainda aproveito um restinho de arroz arbóreo que tenho por aqui :-) Mas vou te dizer que me imaginei por entre os vales de Piemonte bem longe de arroz: na companhia de uma bela polenta e do tal chocolate de Turim, nham...um beijo!
ResponderExcluirSabe que nunca comi risoto de abóbora? A cor fica linda, né? Fiz uma receitinha do seu Artusi, passa lá no blog para ver.
ResponderExcluirbjs
Carlota, faz um desse pra mim no Mani??????????? Eu amo abóbora :)
ResponderExcluirLindíssimo esse risoto e mais que certo que é tbm delicioso!
ResponderExcluirVou preparar logo!!
Bj...
Encantada com essa receita. Somos vegetarianos e qdo encontro receitas maravilhosas como essa, me apaixono pelo blog!
ResponderExcluirParabéns pelo capricho, talento e carinho com seus leitores!
Bezo, bezo
UHM QUE DELÍCIA!AaMEI SUAS DICAS E POSTAGENS !BJ
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