Almoço clássico de domingo aqui nas minhas bandas é churrasco. E se tem churrasco não pode faltar a "maionese", que aqui para nós é a salada de batatas. E não pode ser a industrializada. Enquanto a carne está na churrasqueira a dona da casa está fazendo a maionese.
Vejo isso desde que me conheço por gente. E o meu rito de passagem não foi a 1ª Eucaristia ou até mesmo a minha primeira mestruação, acho que o meu foi quando pude fazer a primeira maionese do almoço de domingo. Foi aquele "deixa eu tentar, mãe?!". Ser responsável pela maionese de domingo é assinar a sua carta de alforria: se posso fazer a maionese de domingo, posso fazer outras coisas. Sou grande, adulta, responsável e minha maionese é linda. Mas a minha primeira tentativa desandou, assim como tantas outras coisas que eu julgava estar pronta para fazer. Fui chorosa em direção a minha mãe, que me olhava de canto de olho, dizendo que não tinha dado certo. Ela pegou a minha caneca (sim, eu fazia em canecas) e girou pra cá, girou para lá e bingo: surge uma maionese aveludada e brilhante. Eu ainda não estava pronta. Isso foi há 19 anos.
A salada de batatas para mim é tão familiar e tão corriqueira que nunca imaginei que a base dela, a maionese, seria tema de aula de gastronomia. Eu nunca havia refletido que maionese é o molho e não o conjunto batatas+maionese. Fiquei tão catatônica que, nas duas aulas que tive sobre maionese, eu errei as duas. Fazer maionese sem o propósito de agregá-la às batatas era demais para mim. Fazer maionese com fuê ou mesmo com dois garfos em um bowl metálico era algo como... como se eu, que quase nunca ando de salto, tivesse que correr uma maratona com salto 15. Eu errei, pois só sei fazer usando um prato raso e um garfo. Além disso, tenho que estar andando. Fazer maionese de pé parada não funciona. Eu ando os 20, 25 minutos com prato na mão, indo da cozinha à churrasqueira, misturando óleo às gemas num ato automático. A minha maionese é assim.
Dias atrás fizemos churrasco na casa de um amigo. A maionese ficou por minha conta e... desandou. Tinha tudo para dar certo: prato raso, um único garfo e caminhadas. Desandou, fazer o que?! Então lembrei que tinha lido no Artusi que "para ser mais seguro do êxito, acrescente às gemas cruas, uma cozida". E foi o que salvou a nossa salada de batatas, a nossa maionese.
Salsa Maionese - Artusi 126
Esta é um dos melhores molhos, especialmente para usar em peixes assados. [...] Uma boa maionese deve ter a aparência de um creme denso e para isso, deve ser trabalhada por mais de 20 minutos.
Ingredientes
02 gemas cruas - quanto mais frescas melhor
06 ou 07 colheres (sopa) de azeite de oliva
Suco de 01 limão pequeno
Sal e pimenta branca a gosto.
A minha receita é um tanto diferente, pois uso um óleo mais neutro, como de canola, por exemplo, e não uso limão, uso algumas gotas de vinagre branco. E claro, na salada de batatas sempre acrescento um belo punhado de salsinha picada.
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Quase não faço maionese aqui em casa, talvez por ser um lugar muito quente aqui onde moro, bate aquele medinho, então para acompanhar churrasco eu preparo o molho de alho. Mas maionese feita em casa é outra história, minha mãe a preparava com a ajuda do liquidificador, mas nunca tentei.
ResponderExcluirSua maionese está linda, imagino deliciosa!
Bjs
A mãe também coloca uma gema cozida... Faz a mão ou no liquidificador. Tu acredita que nunca me aventurei a fazer maionese? Eu tenho um problema com as coisas que a minha mãe faz bem. Ela é uma cozinheira de mão cheia, mas com um estilo completamente diferente do meu, por isso tem coisas que ela faz tão bem que eu não arrisco! O sentimento que eu tenho é do tipo "nem tenta que não vai chegar aos pés"... O grupo "estrogonoff - carreteiro - bife à milanesa - maionese" é exclusividade dela. E quem pensar "é tão simples fazer esses pratos" é porque não tem idéia de quão perfeita é a versão que minha mãe faz. Acho que ela nem sabe que tenho esse sentimento em relação a isso, hehehehe.
ResponderExcluirMeu processo de iniciação na cozinha foi um pouquinho diferente, mas tão "desandado" quanto o seu. Quando finalmente consegui, eu emoldurei também minha cartinha e guardo a lembrança. Maionese caseira é novidade para mim. Infelizmente, ninguém em casa tinha o hábito de preparar, mas sim de comprar. De qualquer forma, ainda vou arriscar fazê-la. Geralmente as coisas feitas por nós são bem mais deliciosas e, com certeza, são gratificantes.
ResponderExcluirMeu comentário anterior não foi!
ResponderExcluirCarla, adorei o post. Sou fã de maionese e faço desde pequeno. Pra mim, só funciona com prato raso e garfo, também. Também uso óleo (canola, girassol, milho) e azeite de oliva, dosando para ficar com um sabor equilibrado. Para finalizar, além das gotas de limão e água, coloco um alho amassado. De vez em quando, um pouco de mostarda dijon e pimenta do reino. E maionese, só se for caseira. :)
Heresia das heresias só faço no liquidificador. Tem uma com leite em vez de ovos, conhece? Fica bem menos densa.
ResponderExcluirOlá. Quanto mais recente o ovo, mais lecitina que é o que fixa o ponto correto. Adoro seu blog e seu estilo.
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