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abril 04, 2019

Maritozzi alla panna [Pãezinhos recheados com chantili]

Voltamos! Voltamos de nossa viagem à Itália.
Foi tudo ótimo: muitas comidas boas, bons vinhos, lugares especiais, paisagens lindas, muita arte e pessoas queridas. Fazia muito tempo que José e eu não viajávamos juntos e optamos ir à Itália para comemorar nossos dez anos juntos. Foi maravilhoso.

Estamos nos organizando para escrever posts sobre o nosso roteiro que, dessa vez, passou por três regiões: Lácio, Toscana e Emília-Romanha. A ideia é dividir os posts por região e apresentar a vocês as dicas de cada uma delas: ingressos para as atrações, transportes, restaurantes, bares, o que comer, galerias de arte etc. Aguardem. Vai demorar um pouco, pois voltamos já atolados em atividades e prazos, mas vai sair.

O começo e o final da viagem foi em Roma, cidade que, definitivamente, eu amo. Bah, se tem lugar que gosto é Roma. Estava na dúvida entre ela e Florença, mas nessa viagem entendi que meu coração bate forte pela "cidade aberta". E é de Roma que vem a receita de hoje.

Quem me acompanha pelo Instagram (segue lá!) viu que foi uma viagem gastronômica mesmo... Na verdade sempre é. Comigo sempre é. Procuramos comer pratos tradicionais, procurei provar o que não tinha comido nas idas anteriores, mas os maritozzi não tiveram vez. Eu os vi em várias confeitarias nos dias em Roma, mas eram sempre grandes e/ou eu estava já com a pancinha cheia. E comer por comer, né, não é justo com o alimento. 

Eu só sei que fiquei namorando várias vezes esses pãezinhos recheados com chantili e ontem, quando abri a geladeira e vi um potinho de nata não tive dúvidas. Sim, aqui no sul a gente come nata com pão, nata com bolo. Hmmm, nata com cuca... Delícia! José comprou no domingo, pois tínhamos visita para o café da tarde. Sobrou e, como não consumimos pão durante a semana, fiquei com receio de estragar por falta de uso. Então, o que a gente faz quando tem nata em casa sem uso? O pão para poder consumi-la!

Na história os maritozzi surgem provavelmente no Império Romano, sendo preparados com passas e mel. Na Idade Média era um das únicas iguarias permitidas durante a Quaresma, sendo chamada até de "Santo maritozzo". Agora, as lendas de origem do nome são muitas. Alguns pesquisadores sustentam que deriva da deformação burlesca do "marito" [marido], para a qual a forma fálica do doce seria uma analogia ao marido. Aliás, por muito tempo o maritozzo foi um presente para as noivas no dia 14 de fevereiro, dia de São Valentim, ou ainda, na primeira sexta-feira de março onde o noivo colocava a aliança dentro do doce e oferecia à noiva. Assim, esse homem, agora noivo, era o maritozzo.  Olhem que belo pedido de casamento?!

Hoje os maritozzi são pãezinhos de leite, geralmente de forma redonda, que podem ser comidos com geleia, mas são amplamente consumidos assim, como eu fiz. São encontrados em confeitarias e cafeterias e vi muita gente comendo como café-da-manhã. É um doce tão amado que tem até um dia de comemoração: o MaritozzoDay, comemorado dia 02 de dezembro.
Ah, os italianos!


Marittozi 

Ingredientes

Para a esponja

50 gramas de farinha de trigo branca
50 ml de água
5 gramas de fermento biológico seco
01 colher (chá) de açúcar 

Para a massa

200 gramas de farinha de trigo branca
50 gramas de açúcar
40 ml de leite integral
40 ml de óleo (soja, milho, girassol)
01 gema 
Raspas da casca de uma laranja

01 gema para pincelar

Para o chantili

200 gramas de creme de leite (usei nata) 
02 colheres (sopa) de açúcar de confeiteiro

Modo de preparo

Faça a esponja: misture todos os ingredientes, faça uma massinha homogênea, cubra a tigela e deixe repousar por 1h.

Passada uma hora, comece a preparar a massa: coloque os ingredientes secos em uma tigela peneirando. Acrescente o leite, o óleo, a gema e a esponja. Misture bem até formas uma massa homogênea. Eu precisei usar mais um pouquinho de leite para deixar a massa menos dura. Sove por alguns minutos, adicione as raspas de laranja, sove novamente. Faça uma bolinha, coloque na tigela e deixe fermentar por 1h. Faça uma segunda sova e deixe descansar por mais 30 minutos. Depois dessa segunda sova, divida a massa em 6 porções, boleie - dê a forma redondinha- e coloque em uma forma untada, cuidando para que não fiquem próximas demais para não grudarem. Deixe fermentar por 30 minutos. 

Pré aqueça o forno a 200ºC
Pincele a gema nos pãezinhos e leve para assar por 40 minutos.

Retire do forno, da forma e deixe em uma gradinha para esfriar. 

Para o chantili, a atenção deve ser sobre os utensílios que você vai usar: a tigela precisa estar gelada, o fuê também (isso vale para batedeira também). Bata o chantili adicionando o açúcar de confeiteiro aos poucos, cuidando para não passar do ponto e virar manteiga ou pouco estruturado que não sustente como recheio. 

Para o maritozzo, o chantili deve ser mais consistente. Aliás, atenção, o maritozzo só pode ser recheado quando frio. Corte ao meio e recheio abundantemente com o chantili. Retire o excesso da borda e, se desejar, pode polvilhar açúcar de confeiteiro sobre eles. 



Cos'è il maritozzo: storia e leggende del dolce romano
Me stai de fronte, lucido e 'mbiancato, la panna te percorre tutto in mezzo, co 'n sacco de saliva nella gola, te guardo 'mbambolato e con amore. Me fai salì er colesterolo a mille, lo dice quell'assillo d'er dottore, ma te dirò, mio caro maritozzo, te mozzico, poi pago er giusto prezzo!

(Ignazio Sifone, Ode ar maritozzo, Garbatella, 1964).

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Um comentário:

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