E as coincidências
A vindima acabou e nem tudo foi colhido. Alguns cachos ficaram lá, perdendo seu brilho, desidratando, sofrendo ataques dos fungos, murchando. Quando finalmente são retirados da videira, ficam esquecidos ao vento, sobre a palha até quase se tornarem passas. Somente depois de todo esse flagelo é que a uva está pronta para ser tornar algo sagrado.
A vindima acabou e nem tudo foi colhido. Alguns cachos ficaram lá, perdendo seu brilho, desidratando, sofrendo ataques dos fungos, murchando. Quando finalmente são retirados da videira, ficam esquecidos ao vento, sobre a palha até quase se tornarem passas. Somente depois de todo esse flagelo é que a uva está pronta para ser tornar algo sagrado.
A introdução ficou meio dramática, mas é dessa forma que ocorre o processo chamado de apassimento, resultando num fruto com bastante açúcar residual e aromas concentrados que vai gerar um bebida doce, de cor palha (para uvas brancas) com teor alcoólico elevado: o Vin Santo.
Há quem diga que o vinho recebeu este nome por ser doce, sendo distribuído nas celebrações eucarísticas e que no século XIV um frade franciscano de Siena utilizava o vinho que sobrava das missas para tratar doentes, creditando à bebida poderes milagrosos.
Por outro lado, existe uma lenda em que o cardeal Basílio Bessarion, patriarca da igreja de Constantinopla, durante o Concílio de Florença no século XV, teria apreciado uma taça de um vinho local e exclamado: “Este é o vinho de Xanthos”, podendo estar se referindo à uma cidade da Grécia antiga ou a palavra grega que significa dourado. O fato é que os florentinos teriam entendido errado, passando a chamar o seu vinho de "santo”.
E não pára por aí, há uma hipótese que aponta para origem do vinho na ilha grega de Santorini, sendo levado à Itália por mercadores de Veneza, que o vendiam como Vin Santo, simplificando o nome. Ou, retornando a questões religiosas, o nome se deveria ao fato que o mosto deveria iniciar a fermentação no dia de Todos os Santos, sendo engarrafado no final de semana da Páscoa.
Você pode acreditar em qualquer uma dessas histórias, inclusive em nenhuma, o importante é que uma boa refeição na região central da Itália, principalmente na Toscana, sempre acaba com um cálice de Vin Santo no qual você inzuppa os Cantucci, aqueles biscoitos duros (não bolachas) de amêndoas que harmonizam perfeitamente com a bebida.
Este post não tem receita de coquetel, mas tem coincidência. Na primeira viagem da Carla à Itália em 2012, ela encerrou uma refeição feitas em Siena mergulhando Cantucci no Vin Santo del Nonno. Este ano quando fomos juntos, trouxemos uma garrafa da mesma marca, fato só percebido agora, quando fui fazer a pesquisa para escrever este texto. E olha que tem bastante produtores, com DOC (Denominação de Origem Controlada) tem mais de 10!
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